sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Kindle

Essa semana, fui inquirido para falar sobre o impacto do Kindle (se não sabe o que é, clique aqui * vlw Carina) no mercado editorial e como esse aparelhinho (diminutivo nada afetivo) pode virar tendência também no Brasil.

OK, com certeza vai virar tendência nos EUA, na Europa talvez, mas no Brasil? Sem querer ser Mãe Diná, mas já dando meus pitacos sobre o futuro, acho muito difícil que vire tendência assim tão fácil.
Por mais que a elite brasileira tente se manter nas tendências ditadas pelos americanos, nosso grande país não é formado somente por elite (óbvio). Temos também o pessoal que pega ônibus, que anda a pé, que tem receio e insegurança. Esse é o primeiro argumento para dizer que, quem em sã consciência vai pegar um ônibus com um aparelho do tamanho de um livro que custa mais que um Ipod? Como costumo fazer minhas leituras nos coletivos, eu mesmo não seria tão corajoso. Só vingou realmente com o Ipod porque ele é pequeno e dá para esconder no bolso. Como vou esconder meu Kindle na mochila?!

Tá, mas e a praticidade de levar uma biblioteca inteira em um só aparelho? Vejamos, quem se lembra do velho Discman? Era um barato, você podia escutar seu CD em qualquer lugar. Com os livros é bem parecido; você consegue levar seu livro na bolsa e ler na hora que for mais cômodo. Porém, vieram os mp3 e os Ipods para destruir o velho Discman e deram a possibilidade de guardar uma discoteca inteira em um aparelho só. Você pode estar afim de ouvir 30 músicas de artistas e ritmos diferentes enquanto está caminhando, dirigindo, viajando, correndo. Perfeito. Mas diga, quantos livros diferentes você vai querer ler durante uma viagem de 30 minutos? Um romance simples de 200 páginas eu costumo ler em um fim de semana inteiro livre, ou 3 semanas de viagens de ônibus. Acabou o livro, voltou pra preteleira e eu peguei outro. Por mais que eu esteja lendo 3 livros ao mesmo tempo, um técnico, um romance e um romance diferente para a faculdade, jamais precisarei dos 3 na minha mochila, muito menos de 1500.

Outro argumento seria o incômodo que é ler em aparelhos como Iphone e semelhantes. Porém, o Kindle não emite luz, e tem uma e-ink parecida com aquele quadro mágico para crianças, que não força a vista. Hoje, a tecnologia ainda está precária, como se fosse aquele velho celular analógico. Não existe tinta colorida e ainda demora um pouco pra passar de uma página para a outra. Dessa forma, não é possível ver gravuras, nem as belas capas que os livros costumam ter. Em breve, os cientistas vão melhorar isso aí, não tenho dúvidas. Daí eu me pergunto, como eu vou ganhar um livro de presente? Como eu vou levar meu livro para o escritor autografar? Como eu vou sentir o papel, constatar a qualidade dele, ler a sobrecapa? Como vou tentar ler o título do livro que a pessoa próxima, desconhecida, está lendo e alimentar minha curiosidade? Onde vai ficar todo o charme de mais de 500 anos de tradição?

Com autores estrangeiros aderindo cada vez mais a essa tecnologia e forçando as editoras brasileiras a produzi-la, menos livros físicos no mercado, mais visitas aos sebos. Simples assim.

Pode ser que daqui a 9 anos eu leia esse post e cave um buraco no chão para enfiar minha cabeça, mas pode ser que daqui a 9 anos eu preveja o novo Apocalipse. Quem sabe?

Abraço para quem fica,

Guto Pina

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Papo de Samba

Sensacional!

Há muito eu queria presenciar o Fundo de Quintal, um dos meus grupos de samba preferidos. Uma vez até fui na Fundição Progresso, show do Revelação(?), somente porque o FDQ era convidado. O que aconteceu?
Eu fui, e eles?

Depois desse fato eu nunca mais tive oportunidade de curtir o som deles. Outro que também nunca tinha assistido ao vivo era o Zeca. O pagodinho do Zeca é paixão nacional. Não conheço uma pessoa que fale que ele é ruim, ou coisa do tipo.
Indo pro samba rock, uma vez assisti o Jorge Ben, bem de longe naqueles shows malucos da praia de Copacabana (que prometi pra mim mesmo que nunca mais iria). Não deu pra dizer que assisti de verdade.

Dudu Nobre e Arlindo Cruz: assisti no karaokê que apelidaram de Samba Social Club 2. Uma monte de gente legal lendo a letra dos sambas de raíz. Tudo bem que o Dudu e o Arlindão não leram (muito).

Na Black2Black assisti duas musiquinhas da Dona Ivone Lara, que me deixaram com vontade de assistir a um show inteiro da doce senhora simpática, um dos maiores nomes do samba e raíz.

E não é que essa galera toda vai estar no mesmo show? Nem creditei quando li essa. Após o fiasco que foi o SSC2, a MPB fm está promovendo o Conexão Samba, abertura do FDQ, show do Zeca , Dudu, Jorge Ben, Arlindo e D. Ivone Lara.

O show acontece dia 26/9 na Apoteose, bem a ver com o tamanho da importância desse show. Uma das maiores satisfações é você ir para uma apresentação em que você gostará de todas as músicas, sem exceções.

Confira um dos maiores poetas brasileiros, que com certeza será lembrado nesse show:



Abraços para que fica,

Guto Pina

sábado, 12 de setembro de 2009

Fato (Verídico, como todos o são)

Não acreditava que pessoas pudessem ter um sexto sentido. Até ontem.

Já há aguns anos eu resolvi o que queria fazer da minha vida. Entrei na faculdade certa e comecei a produzir, mesmo que de forma lenta. Corri atrás de anos que perdi sem ter o incentivo certo.

Acho que isso tudo não pode estar estampado na cara de uma pessoa, por isso a história do sexto sentido. Estava eu sentado no banco da praça tirando minha hora de almoço, após comer uma bela feijoada. Eis que vem vindo um senhor, de aproximadamente 60 anos, magro, baixinho, vestindo uma camisa de candidatura da década passada. Até aí tudo bem. Ele pára na minha frente, permanece uns 20 segundos olhando pra minha cara e pergunta se poderia sentar do meu lado. O banco é público, que mal aquele senhor poderia me fazer? Ele sentou e ficou olhando fixamente pra mim. Então, soltou a pergunta que jamais esperaria que ele faria: "Você gosta de ler?"

Sempre fui pára-raio de maluco, mas nunca tinham me feito essa pergunta. Respondi que sim. Ele respirou, pensou, olhou pra mim e perguntou qual era o meu autor preferido. Em outra situação eu já teria feito como a maioria das pessoas, deixaria ele falando sozinho e saía dali. Foi então que suspeitei que se tratava de um senhor desses carentes de prosa. Dei a prosa. Falei que era difícil falar um, mas escolhi o melhor de todos, pensando que talvez esse rendesse pouco assunto e logo eu poderia ir trabalhar. Machado de Assis.

O senhor fez uma cara de "ihhhhh, logo esse". Não entendi a reação. No primeiro momento achei que ele não conhecia. Então, a primeira surpresa: "Essa história do Bentinho e da Capitu... isso é coisa de gente fofoqueira!"

Genial.

Troquei uns dez minutos de crítica sobre Machado com meu mais novo companheiro literato. Discutimos variados aspectos de Capitu e como Machado foi genial em não dizer se ela traiu ou não, deixando uma das maiores dúvidas da literatura brasileira (quisá a maior).

Percebi que já tinha dado a minha hora e ameacei me despedir. O senhor olhou pra mim e disse minha segunda surpresa, essa a maior de todas: "Você deveria ser escritor ou crítico literário."

Arregalei os olhos, totalmente incrédulo no momento.

Disse a ele que já era escritor, crítico ainda não. Quem sabe um dia. Ele não se espantou. Me despedi, já aflito para voltar a trabalhar. Ele me fez um pedido que me confirmou a hipótese de ser um senhor carente de prosa: "Você tem mais 5 minutos pra gente prosar?"
Falei que não, com um certo aperto, e saí rumo à empresa.

Ninguém tem a sua profissão estampada na cara. Será que ele perguntava aquilo a todos, na expectativa de começar uma conversa? Será que ele dizia a todos que deveriam ser escritores ou críticos literários?

Prefiro acreditar que aquele senhor tinha o verdadeiro sexto sentido da prosa.

Abraços pra que fica,

Guto Pina

sábado, 5 de setembro de 2009

O mundo e o Paraíso

Porque o mundo é tão mundo e não é o paraíso?

Me pergunto isso quase todo dia. Porque as pessoas têm que trabalhar 10 horas por dia e não têm tempo de ir a praia pegar uma cor? (use filtro solar, Bial)
Graças a Getúlio, os trabalhadores do nosso Brasil devem trabalhar no máximo 8h por dia. Na minha época de estagiário, eu ficava 9h facilmente trabalhando e resolvendo pepino dos outros. OBS: Nunca ganhei a mais pra isso.

Quando era criança meu sonho era entrar pra Academia Brasileira de Letras, ser um imortal e escrever melhor que Machado de Assis. Se o mundo fosse um paraíso, eu conseguiria. Mas como o mundo é tão mundano, Collor entra pra Academia Alagoana de Letras e Sarney é imortal da Academia Braslieira de Letras. Quem já leu um livro sequer dos dois?

Hoje em dia, só caminho para o paraíso. Me esforço para escrever bem e ser bem entendido. Afinal, é disso que vivo. Se por um ou outro verso meu você identificar uma tensão de romantismo, não se espante, é disso que é feito o mundo. Por mais que ele seja mundano, sempre há uma pitada de romance para nos fazer esquecer da nua e crua realidade: o paraíso não é aqui.

Bom sábado à noite para todos os cantos do mundo.

Abraços para que fica,

Guto Pina

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O que fazer quando se está no limite?

Essa semana assisti ao premiado Se nada mais der certo, do diretor José Eduardo Belmonte. O filme ganhou muitos prêmios ano passado, entre eles o de melhor filme, melhor roteiro e melhor atriz (Caroline Abras) no Festival do Rio de Janeiro.

Ao contrário do filmes de pobreza e favelas que vêm ganhando cenário no cinema nacional, Se nada mais de certo bota em pauta o desespero dos novos pobres. Os personagens do filme são tipos comuns do cotidiano ds cidades brasileiras. Um jornalista malsucedido, um taxista que não faz dinheiro e um "aviãozinho" que caminha por todos os mundos: podemos observar o forte conflito do filme em quase todas as cenas, o que o fez certamente ganhar o prêmio de melhor roteiro. Os personagens são pressionados e vemos a reação deles diante dos problemas e como eles vão reagir definem o próximo passo da trama. É um filme chocante, não por retratar a violência, mas sim por retratar as escolhas que as pessoas têm de fazer todos os dias em suas vidas. Essas escolhas fazem com que o público sinta a aflição dos personagens cena à cena. Brilhante!

Confesso que desacreditei no filme por causa do protagonista, Cauã Reymond, mas até que o galã se saiu bem e conduziu o espectador pela linha tênue que separa a razão do desespero. Outra figura que chamou a atenção foi o personagem Marcin (Caroline Abras), um ser quase mítico no meio da história. Mereceu levar o prêmio de melhor atriz.

De quebra, ainda cruzei no cinema com Selton Mello e Alessandra Negrini, que estavam por lá lançando o filme A erva do rato, de Júlio Bressane. Pelo que li, o filme se baseia em dois contos de Machado de Assis (meu Papa), entitulados "Um Esqueleto' e "A Causa Secreta". Segundo o diretor, "não é uma adaptação de Machado de Assis, e sim uma tradução em imagens de seu espírito". Parece que será minha próxima visita ao grande telão.

Abraços para que fica.

Guto Pina

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Televisão Brasileira




Vamos falar um pouco de televisão?

OK, não vou dar uma de pseudocult e falar que a televisão brasileira é um lixo. Não é. Ultimamente tenho assistido CQC (ninguém lida tão bem com a política quanto eles), A Grande Família (evidentemente), No Limite (por pura falta do que fazer) e A Fazenda (por indignação).

Obviamente, todos à noite por falta de tempo ocioso.

A indignação essa semana fica por parte, é claro, da Fazenda (fazer o quê né?). Soube que a mãe do Dado (playboy nascido em berço de ouro sem talento algum) contratou uma empresa de telemarketing para ligar a favor do filho.
Que bonito heim?
Em si, a idéia do reality é boa. Um monte de estrelas semiconhecidas ficam enclausuradas em uma fazenda, levando cabrito pra lá e pra cá. Monótono demais (ainda mais passando quase que 24h por dia), mas de alguma forma conseguia ganhar de todos os programas da Globo.
E o melhor de tudo: uma das pessoas mais odiadas das semicelebridades, aquela que foi mais vezes ao "paredão" (não lembro no momento como se chama) por não se dar bem com quase ninguém, ganha o programa!

No mínimo é hilário.

Por essas e outras que o Collor é senador.

Ladainhas à parte, Diogo Nogueira está apresentando já há alguns meses (8 para ser sincero) um bom programa de samba na TV Brasil (antiga TVE) chamado "Samba na Gamboa", às terças, 19h31. Outro dia estava assistindo ao mestre Noca da Portela. Vale a pena conferir.

Abraços para quem fica.

Guto Pina

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Fora Sarney (e Collor)!

"Há 20 anos, Collor, postulante à sucessão de Sarney na Presidência da República, fez ataques duros a Sarney para levar sua candidatura à vitória. A primeira saraivada teve início ainda em 1987, quando Collor era governador de Alagoas pelo PMDB. Seus ataques qualificavam Sarney como "típico ditador sul-americano" e "o corrupto do Planalto". O atual presidente do Senado foi acusado de "tentar bater a carteira da história", ao propor uma emenda para esticar seu mandato por mais um ano." (http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=29184)

O que esses dois ainda estão fazendo no senado?

Estou querendo entrar na campanha Fora Sarney, mesmo sabendo que não vai dar em nada.
Há 15 anos, foram todos pra rua com a cara pintada pedir a renúncia do presidente (exatamente esse senador (?) que defende Sarney hoje).
Hoje, não sei sinceramente onde ficou esse espírito nacionalista. Deve ser a tal da globalização.

Para fechar o assunto política, transcrevo as palavras de Mariano, personagem do livro "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", de Mia Couto:
"A política é a arte de mentir tão mal que só pode ser desmentida por outros políticos."

Algumas notícias boas:

- Sexta-feira tem show do Little Joy na Fundição Progresso, Lapa. R$ 50,00 a meia entrada.
- Há rumores que o AC/DC pode vir em novembro.
- O fim do ano está chegando!

Bom, por enquanto é isso.
Aguardem por postagens mais frequentes daqui pra frente.

Abraços para quem fica.
Guto Pina

domingo, 5 de julho de 2009

Eu fui pra Maracangalha...

Eu fui. E sabem o que escutei lá?

Finado Michael.

É isso mesmo. Até a festa que se dedica ao melhor da música popular brasileira se rendeu ao assunto do momento. Não escutei somente uma música lá, mas pelo menos 6, algumas em sequência.
Para falar a verdade, não aguento mais ouvir uma nota só que remeta ao acontecimento do ano, mas a mídia insiste em estender a repercussão. Todos querem saber sobre o testamento. Todos querem ir ao funeral.
Eu só tenho dois comentários a fazer sobre o Michael:
1) Gosto muito do Jackson 5. As dancinhas enquanto tocavam eram incríveis.
2) Uma das maiores vergonhas alheias que senti foi assintindo o clip de Beat It, especialmente quando aquele rapaz de branco começa a brigar, e posteriormente dançar.

Mas até que a festa enterrou o finado, e voltou a tocar a nata da mbp novamente.

Mal posso esperar que a mídia faça o mesmo. Tem tanta coisa mais séria acontecendo no Brasil. Caso Sarney e afins, só para dar um exemplo.

Então, deixo aqui a minha súplica. Enterrem Michael, e vamos voltar à vida real.

Abraços para quem fica.

Guto Pina

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Programa Nacional de Trocas de Livros

Para os amantes da literatura:
A Estante Virtual, já conceituado site de comércio de livros usados, que reúne mais de 1400 sebos no Brasil, está lançando, juntamente com os sebos, um programa que vai agradar muito a população brasileira. O Programa Nacional de Trocas de Livros vai possibilitar que você, leitor, vá até um sebo participante do programa e troque seu livro seminovo por 25% de seu valor de mercado (valor esse pesquisado no site Buscapé, guiado pelo menor preço das livrarias mais conceituadas de livros novos).

Esse valor é revestido em créditos que você pode usar para comprar um livro no sebo da troca, ou, dependendo do sebo, você ganha os créditos na forma de vale-compras virtual, podendo usar em grande parte dos sebos da Estante. São mais de 20 milhões de livros online e offline para você gastar esses créditos. Os vales virtuais são de 20% do valor do livro novo.


Então, se a grana tá curta, se seus livros estão ocupando muuuuuuito espaço na sua prateleira, não deixe de fazer sua troca. O melhor de tudo, o programa lhe garante os 25% de créditos em cima do seu livro seminovo, ou seja, nada de trocar seu livro por 1 real (simbólico). Você terá um preço justo e uma economia enorme.

Para maiores informações, entre no site da Estante Virtual, lá você achará a lista de Sebos participantes (são mais de 100, em 53 cidades diferentes).
OBS: O livro tem que ser seminovo mesmo. Estará sujeito à aprovação do livreiro.
Crise pra quê?

Fim de semana de Viradão Cultural no Rio!
Boas festas para todos,

Guto Pina

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Viva a cultura!

A dica que faz a diferença é sempre agradável.

Então, lá vai uma das melhores (ou duas).

Se você está no Rio de Janeiro, não perca a última semana da peça "Maria Stuart", de Friedrich Schiller, no Teatro 1 do CCBB.

Motivos:

- "Maria Stuart" é um drama de 1800 desse genial poeta, dramaturgo, filósofo e historiador alemão, Schiller, e vale muito a pena conferir uma remontagem desse porte.

- A peça foi traduzida pelo excelente modernista Manuel Bandeira.

- A crítica falou relativamente bem do espetáculo. (mas quem liga pro que a crítica fala?)

O mais importante: está sendo cobrada a bagatela de R$ 10,00 (R$5,00 para a nação estudantil) de entrada! Se não dói no bolso e até mais prazeroso.

Por outro lado...

Se você não é lá de apreciar a arte classicista e não aguentaria ficar 170 minutos sentado assistindo uma peça sem poder dar um pio, vamos ao plano B.

Exatamente isso!

Sexta feira (15/5), no Rio Scenarium (Lapa, RJ), o grupo Plano B se apresenta com o melhor do samba, executando canções de grandes mestres como Pixiguinha, Cartola, Tom Jobim, Noel Rosa e Moacir Santos. O preço é meio salgado: R$ 25,00. Porém, você pode desitir no meio do caminho e acabar em algum outro bar da Lapa em que um pessoal esteja fazendo um batuque na caixinha de fósforo, com a mesma propriedade dos grandes mestres. E de graça.

E viva a cultura! (alemã, africana, brasileira...)

Abraços para quem fica,

Guto Pina

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Professor Molusco

Algumas considerações:
1- Não morri no carnaval.
2- Logo estarei sem tempo até para respirar.
3- Jamais abandonarei meu blog.

Feitas as devidas considerações, vamos ao comentário especial de hoje (que provavelmente será um hoje bemm longo):
Estava dando um intervalo no meu projeto (em breve mais informações), e dei de cara com uma banca de jornal, onde estava pendurado um exemplar (claro. se tivesse pendurada uma peça de alcatra seria muito estranho) com a seguinte notícia:

"'Adoro este cara', diz Obama sobre Lula".

No instante pensei:
Coitado do amigo Barack.

Depois do LID, lendo com muita atenção a graça do ilustre presidente, descobri que nosso representante fez um comentário à altura para rebater o elogio do americano:

"Se você encontrar o Obama no Rio de Janeiro, você pensa que ele é carioca; se encontra na Bahia, pensa que é baiano".

Complementarei as sábias palavras de meu grandiloqüente (sim, trema!) presidente:
Se encontrar na Angola você pensa que é angolano, e se encontrar no Equador pensa que é equatoriano!

Que linda aula de geografia!

Bom,
Prometo que volto com textos melhores.
Abraços para quem fica.
Grato pela atenção dispensada,
Guto Pina

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Assalto à Gramática Brasileira

Assaltaram a gramática
Assassinaram a lógica
Meteram poesia, na bagunça do dia-a-dia
Sequestraram a fonética
Violentaram a métrica
(Assaltaram a gramática - Paralamas do Sucesso)

Essa música diz bem o que fizeram com a nossa língua brasileira. Sei bem que muitos penaram na escola para aprender diversas regras de acentuação, e agora não fazem a menor idéia (uso afetivo do acento) de como são acentuadas as palavras. Estão tentando unificar a língua portuguesa (muito nobre isso), mas os prezados se esqueceram que quem faz a língua são os falantes, e não a gramática. A gramática normativa, quanto conjunto de regras, apenas ilustra o que se é falado em uma determinada língua. O mais importante é a gerativa, que está dentro de nós. A dupla ortografia e pronúncia de algumas palavras é prova disso que acabo de afirmar.

Palavras como bebê, agora podem ser grafadas como bebé, e pronunciadas como tal. Purê, bidê e nenê estão no mesmo caso. Ora, mas que coisa mais feia chamar um bebê de bebé.

Jóia já não tem mais o mesmo glamour de antes. Agora é simplimente joia.

As paroxítonas (proparoxítonas continuam sempre sendo acentuadas) homógrafas de palavras proclíticas (consultar Azeredo, Bechara ou Cunha) não ganham mais o acento diferencial! E eu que me gabava tanto por saber usar essa regra... Ele não pára de falar. (incorreto)

Mas aconteceu um assalto que mexeu fundo na minha alma: o Trema. Diria que foi mais que um assalto, foi um latrocínio. Mataram o coitado do nosso trema. Ele, que já não andava muito tranqüilo (mais afetivo do que nunca) com o nosso mundo conturbado. Quem teve sorte foi a Gisele. Sempre terá no nome o nosso ilustre companheiro que já não está mais entre nós (a não ser que bebamos cervejas importadas como München, Kölsch). Agora, além de falarmos com intusiasmo por sermos a pátria de uma das mulheres mais lindas do mundo (quiçá a mais), teremos satisfação de pronunciar o trema em Bündchen.

Acontecia de ler obras um pouco antigas, como Machado, José de Alencar e perceber que a acentuação era diferente naquela época. Agora, me espanto em pensar que em alguns anos alguém poderá ler meus textos e pensar: texto antigo esse.

Então, guardo os relatos para a posteridade. Fomos assaltados. Roubaram algumas de nossas regras que tanto sofremos para reter.

É isso.

Até a próxima.

Abraços para quem fica!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sobre rock e agregados

Outro dia estava passando pelo blog do Caetano e fiquei espantado. Sempre temos a impressão que os grandes nomes da música, eternizados por uma brilhante obra, não devem saber o que está acontecendo na cena atual. Tenho meu lado saudosista (como queria ter vivido na época de Cartola, Vinícius e Tom), mas aprendi a apreciar a boa música contemporânea. Seu Jorge, Vanessa da Mata, Diogo Nogueira e Los Hermanos (apesar de estarem em hiato), entre outros, mostram que a música brasileira continuará tão sublime e bela (ler Kant) quanto sempre foi.

Caetano, brilhantemente, fez comentários acerca do primeiro álbum solo de Marcelo Camelo, que já está há algum tempo em circulação, e do álbum da nova banda de Rodrigo Amarante, a Little Joy, que foi lançado no fim do ano passado.
Afeiçoei-me mais com o disco do Amarante. Ele, junto ao baterista brasileiro do Strokes, Fabrizio Moretti, e a musicista Binki Shapiro, natural de Los Angeles, conseguiu fazer um rock excêntrico que em alguns momentos lembra Beatles, mas não se atém a um estilo somente. Essa característica mostra a versatilidade dos músicos (Fabrizio toca vários intrumentos como piano, guitarra, entre outros), e de maneira alguma faz com que o álbum fique repetitivo e enjoativo.
Tal feito não surtiu efeito com o álbum de Camelo. Em várias faixas ele abusa dos instrumentais e de um tom monótono que só funciona bem em medidas bem dosadas. A participação de Mallu Magalhães, sua atual namorada, foi boa, apesar de achar que ela canta melhor em inglês do que na sua língua materna. A participação de Dominguinhos, e a marchinha de carnaval, entretanto, dão maior graça ao cd. Apesar de toda monotonia, Camelo cobre bem a proposta do cd Sou (nós), que transmite um tanto de solidão.

Quase que de antemão, informo que o Little Joy fará shows em Porto Alegre (27/1, Bar Opinião), São Paulo (28/1, Clash Club), Belo Horizonte (30/1, Festival Freegels) e Rio de Janeiro (6/2, Circo Voador). No Circo a meia entrada está custando 60 reais.


Mais de antemão ainda, o Los Hermanos está se juntando novamente, depois de 18 meses, para tocar no mesmo festival que está trazendo o excelente Radiohead nos dias 20/03 (Rio de Janeiro) e 22/03 (São Paulo), e os ingressos estão custando 100 a meia entrada, vendidos no http://www.ingressos.com.br/


Creio que não perderei nenhum dos dois.

Pessoal,

Comentários e críticas, pertinentes ou não, serão sempre bem vindas, afinal, o que seria de nós se não pudéssemos expressar nossas opiniões, mesmo que ninguém as queira ouvir?

Até a próxima semana.

Abraços para quem fica.