sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Papo de Samba

Sensacional!

Há muito eu queria presenciar o Fundo de Quintal, um dos meus grupos de samba preferidos. Uma vez até fui na Fundição Progresso, show do Revelação(?), somente porque o FDQ era convidado. O que aconteceu?
Eu fui, e eles?

Depois desse fato eu nunca mais tive oportunidade de curtir o som deles. Outro que também nunca tinha assistido ao vivo era o Zeca. O pagodinho do Zeca é paixão nacional. Não conheço uma pessoa que fale que ele é ruim, ou coisa do tipo.
Indo pro samba rock, uma vez assisti o Jorge Ben, bem de longe naqueles shows malucos da praia de Copacabana (que prometi pra mim mesmo que nunca mais iria). Não deu pra dizer que assisti de verdade.

Dudu Nobre e Arlindo Cruz: assisti no karaokê que apelidaram de Samba Social Club 2. Uma monte de gente legal lendo a letra dos sambas de raíz. Tudo bem que o Dudu e o Arlindão não leram (muito).

Na Black2Black assisti duas musiquinhas da Dona Ivone Lara, que me deixaram com vontade de assistir a um show inteiro da doce senhora simpática, um dos maiores nomes do samba e raíz.

E não é que essa galera toda vai estar no mesmo show? Nem creditei quando li essa. Após o fiasco que foi o SSC2, a MPB fm está promovendo o Conexão Samba, abertura do FDQ, show do Zeca , Dudu, Jorge Ben, Arlindo e D. Ivone Lara.

O show acontece dia 26/9 na Apoteose, bem a ver com o tamanho da importância desse show. Uma das maiores satisfações é você ir para uma apresentação em que você gostará de todas as músicas, sem exceções.

Confira um dos maiores poetas brasileiros, que com certeza será lembrado nesse show:



Abraços para que fica,

Guto Pina

sábado, 12 de setembro de 2009

Fato (Verídico, como todos o são)

Não acreditava que pessoas pudessem ter um sexto sentido. Até ontem.

Já há aguns anos eu resolvi o que queria fazer da minha vida. Entrei na faculdade certa e comecei a produzir, mesmo que de forma lenta. Corri atrás de anos que perdi sem ter o incentivo certo.

Acho que isso tudo não pode estar estampado na cara de uma pessoa, por isso a história do sexto sentido. Estava eu sentado no banco da praça tirando minha hora de almoço, após comer uma bela feijoada. Eis que vem vindo um senhor, de aproximadamente 60 anos, magro, baixinho, vestindo uma camisa de candidatura da década passada. Até aí tudo bem. Ele pára na minha frente, permanece uns 20 segundos olhando pra minha cara e pergunta se poderia sentar do meu lado. O banco é público, que mal aquele senhor poderia me fazer? Ele sentou e ficou olhando fixamente pra mim. Então, soltou a pergunta que jamais esperaria que ele faria: "Você gosta de ler?"

Sempre fui pára-raio de maluco, mas nunca tinham me feito essa pergunta. Respondi que sim. Ele respirou, pensou, olhou pra mim e perguntou qual era o meu autor preferido. Em outra situação eu já teria feito como a maioria das pessoas, deixaria ele falando sozinho e saía dali. Foi então que suspeitei que se tratava de um senhor desses carentes de prosa. Dei a prosa. Falei que era difícil falar um, mas escolhi o melhor de todos, pensando que talvez esse rendesse pouco assunto e logo eu poderia ir trabalhar. Machado de Assis.

O senhor fez uma cara de "ihhhhh, logo esse". Não entendi a reação. No primeiro momento achei que ele não conhecia. Então, a primeira surpresa: "Essa história do Bentinho e da Capitu... isso é coisa de gente fofoqueira!"

Genial.

Troquei uns dez minutos de crítica sobre Machado com meu mais novo companheiro literato. Discutimos variados aspectos de Capitu e como Machado foi genial em não dizer se ela traiu ou não, deixando uma das maiores dúvidas da literatura brasileira (quisá a maior).

Percebi que já tinha dado a minha hora e ameacei me despedir. O senhor olhou pra mim e disse minha segunda surpresa, essa a maior de todas: "Você deveria ser escritor ou crítico literário."

Arregalei os olhos, totalmente incrédulo no momento.

Disse a ele que já era escritor, crítico ainda não. Quem sabe um dia. Ele não se espantou. Me despedi, já aflito para voltar a trabalhar. Ele me fez um pedido que me confirmou a hipótese de ser um senhor carente de prosa: "Você tem mais 5 minutos pra gente prosar?"
Falei que não, com um certo aperto, e saí rumo à empresa.

Ninguém tem a sua profissão estampada na cara. Será que ele perguntava aquilo a todos, na expectativa de começar uma conversa? Será que ele dizia a todos que deveriam ser escritores ou críticos literários?

Prefiro acreditar que aquele senhor tinha o verdadeiro sexto sentido da prosa.

Abraços pra que fica,

Guto Pina

sábado, 5 de setembro de 2009

O mundo e o Paraíso

Porque o mundo é tão mundo e não é o paraíso?

Me pergunto isso quase todo dia. Porque as pessoas têm que trabalhar 10 horas por dia e não têm tempo de ir a praia pegar uma cor? (use filtro solar, Bial)
Graças a Getúlio, os trabalhadores do nosso Brasil devem trabalhar no máximo 8h por dia. Na minha época de estagiário, eu ficava 9h facilmente trabalhando e resolvendo pepino dos outros. OBS: Nunca ganhei a mais pra isso.

Quando era criança meu sonho era entrar pra Academia Brasileira de Letras, ser um imortal e escrever melhor que Machado de Assis. Se o mundo fosse um paraíso, eu conseguiria. Mas como o mundo é tão mundano, Collor entra pra Academia Alagoana de Letras e Sarney é imortal da Academia Braslieira de Letras. Quem já leu um livro sequer dos dois?

Hoje em dia, só caminho para o paraíso. Me esforço para escrever bem e ser bem entendido. Afinal, é disso que vivo. Se por um ou outro verso meu você identificar uma tensão de romantismo, não se espante, é disso que é feito o mundo. Por mais que ele seja mundano, sempre há uma pitada de romance para nos fazer esquecer da nua e crua realidade: o paraíso não é aqui.

Bom sábado à noite para todos os cantos do mundo.

Abraços para que fica,

Guto Pina

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O que fazer quando se está no limite?

Essa semana assisti ao premiado Se nada mais der certo, do diretor José Eduardo Belmonte. O filme ganhou muitos prêmios ano passado, entre eles o de melhor filme, melhor roteiro e melhor atriz (Caroline Abras) no Festival do Rio de Janeiro.

Ao contrário do filmes de pobreza e favelas que vêm ganhando cenário no cinema nacional, Se nada mais de certo bota em pauta o desespero dos novos pobres. Os personagens do filme são tipos comuns do cotidiano ds cidades brasileiras. Um jornalista malsucedido, um taxista que não faz dinheiro e um "aviãozinho" que caminha por todos os mundos: podemos observar o forte conflito do filme em quase todas as cenas, o que o fez certamente ganhar o prêmio de melhor roteiro. Os personagens são pressionados e vemos a reação deles diante dos problemas e como eles vão reagir definem o próximo passo da trama. É um filme chocante, não por retratar a violência, mas sim por retratar as escolhas que as pessoas têm de fazer todos os dias em suas vidas. Essas escolhas fazem com que o público sinta a aflição dos personagens cena à cena. Brilhante!

Confesso que desacreditei no filme por causa do protagonista, Cauã Reymond, mas até que o galã se saiu bem e conduziu o espectador pela linha tênue que separa a razão do desespero. Outra figura que chamou a atenção foi o personagem Marcin (Caroline Abras), um ser quase mítico no meio da história. Mereceu levar o prêmio de melhor atriz.

De quebra, ainda cruzei no cinema com Selton Mello e Alessandra Negrini, que estavam por lá lançando o filme A erva do rato, de Júlio Bressane. Pelo que li, o filme se baseia em dois contos de Machado de Assis (meu Papa), entitulados "Um Esqueleto' e "A Causa Secreta". Segundo o diretor, "não é uma adaptação de Machado de Assis, e sim uma tradução em imagens de seu espírito". Parece que será minha próxima visita ao grande telão.

Abraços para que fica.

Guto Pina